Com uma conferência do reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, professor Paulo Gabriel Nacif, a Universidade Fedral Rural do Semi-Árido abriu o II Seminário de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social e o II Fórum de Acessibilidade. A solenidade aconteceu ontem à noite, 19, no Hotel Vila Oeste. O reitor da Ufersa, professor José de Arimatea de Matos, deu boas vindas aos participantes e ao conferencista convidado frisando a importãncia de se discutir a implementação de ações afirmativas no âmbito da Universidade.

Reitor da Ufersa, professor José de Arimatea, afirma que 50% das vagas oferecidas pela Ufersa são destinadas a estudantes cotistas
“Hoje, a Ufersa já destina 50% de suas vagas de ingresso nos cursos de graduação para estudantes cotistas”, frisou. Segundo o reitor, no Rio Grande do Norte 53% da população se declara com etnia negra, mas apenas 11% tem acesso a universidade. Além das cotas, a Ufersa desenvolve, desde 2012, atividades de ações afirmativas com a criação da Coordenação de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social – Caadis, promotora do Seminário. Para o professor José de Arimatea, a implantação dos cursos de licenciaturas Educação do Campo, na Ufersa Mossoró e, Letras Libras, na Ufersa Caraúbas, é exemplo de ações voltadas para a inclusão.
Para a coordenadora da Caadis, professora Ady Canário, o Seminário foi pensado com a proposta de promover mais um diálogo com os segmentos acadêmicos para a consolidação da política afirmativa desenvolvida na universidade com os diversos segmentos da sociedade. “Nossa atuação é voltada para a inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência, comunidades quilombolas e para o acesso e permanência dos estudantes na universidade”, resumiu Ady Canário.
Representando o poder público municipal, o vice-prefeito de Mossoró, professor Luiz Carlos Martins, elogiou a iniciativa da Ufersa em propor e desenvolver ações voltadas para a inclusão que contribuem para uma sociedade mais igual e mais democrática. “O diálogo plural possibilita a união de pessoas tornando a sociedade mais justa e mais humana”, frisou. O vice-prefeito recordou que num passado não muito distante era poucos os jovens de origem humilde que tinha acesso a universidade e aos institutos federais. “Nos últimos doze anos a inclusão educacional de pessoas das camadas mais pobres vem transformando essa realidade. A criação das cotas, que contemplas as minorias que durante muitos anos estiveram a margem da sociedade, vem conseguido equilibrar as estatísticas que vergonhavam ao país”, frisou o vice-prefeito, Luiz Carlos.
CONFERÊNCIA – Ao abordar o tema Práticas discursivas, diversidade e inclusao social, o professor Paulo Gabriel Nacif, reitor da UFRB, ressaltou o desafio dos que fazem a Universidade em superar a atuação técnica com práticas também voltadas para a interação com o mundo. “Precisamos considerar as adversidades com práticas que promovam a igualdade”, ressaltou. Para o professor a adversidade é fundamental para a formação humana. “O ser humano se forma na adversidade e esse é o princípio para a inclusão”, afirmou.
Para o conferencista, as políticas de inclusão, como as cotas, são nao apenas de grande importância para a população negra, deficiente, indígina e demais segmentos sociais, mas também para toda a sociedade. Segundo ele, o processo cognitivo do ser humano se dá a partir da interação com os diversos ambientes. “Pressupostos falsos, geram consequências reais”, alertou, para designar o preconceito de cor, gênero, deficiências, entre outros. “Pela análise genética o Brasil é um país mestiço; a América Latina é mestiça; os Estados Unidos também mestiços”, afirmou desvalorizando o preconceito.
Para o conferecista, o capital simbólico de ascensão social pela cor da pele ainda predomina do Brasil. “Dos 67 reitores, apenas três são negros e, em 2003, apenas 10% dos estudantes que concluiam o ensino superior na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia eram negros”, exemplificou. Para Paulo Gabriel Nacif, a educação é a única forma de ampliar a produção do país por meio da ascensão social e, segundo ele, as universidades têm papel fundamental nesse processo. “Precisamos investir em educação para obter melhores resultados no futuro”, concluiu. O Seminário de Ação Afirmativa, Diversidade e Inclusão Social prossegue até essa sexta-feira, 21, na Ufersa Mossoró.